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O Estresse nos Pets

O tema do post de hoje é bastante sensível e trata da saúde mental dos nossos bichinhos de estimação. Quero falar um pouco sobre o estresse nos animais domésticos, e como esse estresse afeta a saúde dos pets e a convivência deles com a família.

Engana-se quem pensa que só nós, humanos, sofremos com doenças e distúrbios mentais e emocionais. O estresse é considerado o mal do século e, infelizmente, isso não aflige somente os seres humanos. Ele é uma resposta natural a diferentes estímulos ambientais e psicológicos, portanto, é esperado que os animais também sejam afetados. Isso pode ocorrer por um desequilíbrio químico, que vem do próprio organismo deles, ou por um problema ambiental, que tem a ver com a qualidade de vida dos pets. No caso dos animais domésticos, por eles compartilharem muito do nosso estilo de vida, muitas das situações, mudanças e hábitos acabam por gerar neles altos níveis de estresse – como geram em nós também.

Depressão, ansiedade, estresse e tédio são questões relativamente comuns que afetam nossos bichinhos. Felizmente, são problemas totalmente tratáveis. Não vamos permitir que o estresse se torne uma ameaça que coloque o bem-estar e a saúde dos animais em risco, não é mesmo?

No entanto, existem dois grandes empecilhos para cuidar da saúde mental dos pets: o primeiro é a desinformação. Muitas pessoas não acreditam que os animais possam sofrer de problemas emocionais e mentais.

Justamente por causa dessa falta de informação que é importante que posts como esse sejam compartilhados com todo mundo que tem pets – ou pelo menos com quem gosta de bichos – para que o máximo de pessoas saiba cuidar dos animais de uma maneira global.

O segundo obstáculo é conseguir identificar quando o animal de estimação está sofrendo com algum problema de ordem mental ou emocional. A comunicação entre nós e eles nem sempre é muito clara. Mas, é possível notar pequenos sinais nos pets que nos mostram que alguma coisa não está legal com eles.

Vou apresentar para vocês algumas situações que deixam um pet estressado, alguns dos sinais que eles nos passam e como podemos ajuda-lo a passar por esse período. Para isso, vou utilizar algumas vezes de uma ferramenta que não gosto muito de usar, mas que será útil para esse post: a comparação de humanos com pets. Não uso muito porque, como já mencionei anteriormente, cada espécie tem suas características e demandas próprias e não devemos compará-las. Entretanto, para o post de hoje acredito que a comparação irá facilitar o entendimento, então me deem uma colher de chá, por favor.

O QUE DEIXA UM ANIMAL ESTRESSADO?

Os animais domésticos são, de modo geral, altamente adaptáveis. Porém, mudanças bruscas na rotina ou, em algumas vezes, o menor sinal de alteração, pode atingir em cheio os animais mais sensíveis.

Várias coisas podem gerar estresse nos pets:

Uma mudança na rotina já estabelecida, barulho excessivo, introdução de um novo animal no lar, morte de alguém da família, chegada de um bebê, viagem do tutor, mudança de ambiente, viagens, medos, fobias, socialização insuficiente…. Tudo isso pode levar a um quadro estressante que pode desencadear sintomas de ansiedade, irritabilidade e, até mesmo, pânico nos animais de estimação em geral.

Outros fatores geradores de estresse:

  • Falta ou excesso de exercícios físicos: animais domésticos precisam gastar energia e precisam se exercitar fisicamente e mentalmente também. Para os cães, o passeio diário é apenas o mínimo que eles precisam! Eles precisam de mais atividade durante o dia. Já os gatos precisam brincar e serem estimulados. O tédio também faz parte dos fatores que gera estresse nos pets.
  • Longas viagens: se elas são estressantes para nós, que temos consciência de tudo que está acontecendo, imagina para eles? Viagens de ônibus, avião e carro podem ser extremamente cansativas e estressantes para os pets.
  • Locais muito lotados, barulhentos ou quentes: tanto cães quanto gatos têm os sentidos muito apurados. Qualquer estímulo exagerado a esses sentidos pode gerar uma carga enorme de estresse neles. Barulho excessivo, altas temperaturas – ou baixas demais também – geram muito desconforto neles.
  • Fome, sede ou mudanças na alimentação: mais uma vez quero que façamos a comparação com os humanos. Imagine que você precise mudar de dieta, parar de comer várias coisas que você já tem hábito de comer e alterar toda sua rotina de alimentação. Muita gente ficaria irritada com isso. Com os bichinhos acontece o mesmo. A mudança da rotina alimentar pode ser muito pesada para eles. Passar fome e sede, então, nem se fala!
  • Medo: para os humanos, a psicologia explica que quando sentimos a presença de algo ameaçador, real ou imaginário, há uma imediata mudança metabólica reflexiva e de funcionamento do nosso corpo, levando a mudanças comportamentais. Quando o nosso dia a dia é perturbado de modo constante e intenso por um medo anormal ou crônico, nosso corpo e nossa mente sofrem muito. Nós adoecemos. Eu faço um paralelo dessa conjuntura humana com os pets. O medo exacerbado nos animais de estimação cria um estado de alerta constante, que os impede de relaxar e descansar corpo e mente. Assim, o estresse se torna algo cotidiano para os bichinhos.
  • Solidão: animais que passam muito tempo sozinhos, sem contato com humanos ou outros animais, podem, sim, ficar estressados. Cães, em especial, mas os gatos também, são animais sociais. O contato com outros seres vivos é essencial para promover a qualidade de vida dos nossos bichinhos.
  • Outras situações que causam estresse nos animais de estimação: mudanças ou interrupção da rotina como ausência do dono, diminuição do tempo ou frequência dos passeios, mudança de um empregado da casa, obras, reformas ou situações em que o dono passa menos horas com o animal, além de dor e desconforto devido a uma lesão ou uma doença.

QUAIS SÃO OS SINAIS DE ESTRESSE NOS PETS?

Os efeitos prejudiciais do estresse levam a várias mudanças tanto físicas quanto comportamentais nos nossos bichos. Como eu falei mais acima, nem sempre é fácil compreender os sinais que os pets emitem quando estão sob intenso estresse. É vital conhecer muito bem o seu pet e atentar-se aos primeiros sinais de estresse para poder agir.

  • Apatia e perda de apetite: eles podem dormir demais, ficarem deitados quietos por horas e se recusarem a entrar em qualquer atividade como brincadeiras ou passeios. Em alguns casos, até recusarem a comer e beber. Pessoalmente, acho que esse é o sinal mais significativo de que algo está errado com o seu pet. Ofereça alguma comida ou petisco que ele goste muito, se ele recusar, você saberá que algo não está certo.
  • Cansaço: os animais podem mostrar-se excessivamente ofegantes, mesmo que não estejam cansados ou com sede. Podem aparentar estar sem energia para nada.
  • Medo excessivo: o medo está intimamente ligado ao estresse. Se o seu animal está tremendo muito, chorando, pode estar se sentindo ameaçado.
  • Comportamento incômodo ou destrutivo: no caso dos cães, eles podem apresentar latidos excessivos sem qualquer razão especial. Já os gatos podem miar sem parar. Ambos podem apresentar lambedura excessiva no corpo todo ou em algum lugar específico, como nas patas. Outros comportamentos como fazer xixi e cocô fora do lugar habitual, uivar, morder, mastigar objetos, fazer comportamentos autodestrutivos, ou seja, comportamentos diferentes do normal, podem ser apenas os primeiros sinais de que o cão está estressado.
  • Mudanças fisiológicas: pets que sofrem com o estresse podem apresentar várias alterações físicas, como temperatura corporal elevada, mudanças nos batimentos cardíacos, alteração na pressão sanguínea, coceiras pelo, gastrite, vômitos e diarreias constantes, entre outros.

COMO TRATAR O ESTRESSE NOS ANIMAIS?

A primeira coisa a se fazer é procurar o médico veterinário do seu bichinho. Explique os sinais que você notou no seu pet e as mudanças que aconteceram no comportamento dele. O veterinário é o único profissional capacitado para cuidar da saúde do seu pet.

Na consulta veterinária o médico irá pedir exames e fará uma avaliação completa do bichinho, para saber se o estresse tem origem em alguma doença, dor ou desconforto físico. Descartando a possibilidade de um problema físico, podemos cuidar das questões comportamentais do bichinho, e é aí que eu entro.

Para ajudar a aliviar o estresse do seu pet, dê-lhe afeto, atenção e o proteja de situações que possam gerem medo ou desconforto. Certifique-se que ele esteja sendo bem tratado por todos os membros da família. Defina um local tranquilo e agradável para ele ficar e passe muito tempo com ele. Não o deixe muito tempo sozinho. Faça atividades com seu animalzinho, brinque com ele, dê muito amor e carinho. No caso dos cães, passear é um ótimo alívio contra o estresse, ou até inscrevê-lo numa creche para cães, onde ele terá atividades durante o dia. No caso dos gatos, forneça um ambiente “gatificado” para ele, com possibilidades de explorar a casa, observar as janelas e ter esconderijos seguros.

Faça sessões de massagem no seu animalzinho, converse com ele e transmita sua energia positiva a ele. Um passo essencial é manter uma rotina estabelecida. Defina horários de brincadeiras, de alimentação, de descanso. Como já falei em outros posts, os pets gostam de rotina! Se mudanças não puderem ser evitadas, que sejam feitas de forma gradativa e a menos traumática possível.

COMO EU INFLUENCIO NO ESTRESSE DO MEU PET?

A verdade é que nós influenciamos muito na saúde mental dos nossos pets. Pense no seu cãozinho ou gatinho quando estiver se sentindo estressado, nervoso, ansioso ou triste – ele pode estar sofrendo tanto quanto você.

Recentemente, um estudo realizado por cientistas de uma Universidade da Suécia, constatou que pessoas muito estressadas passam, entre aspas, esse estado para seus animais de estimação. A descoberta baseou-se na análise da presença de cortisol, conhecido como o hormônio do estresse, no organismo das pessoas e de seus pets.

De um modo geral, a conclusão da pesquisa afirma que pets e seus tutores sincronizam seus níveis de estresse a longo prazo. Segundo os cientistas responsáveis pela pesquisa, a personalidade do tutor afeta as concentrações de cortisol nos pelos dos pets. Ou seja, parece que mais um efeito colateral do processo de domesticação dos cães e também dos gatos foi esse: o bicho acabou descobrindo o que é estresse.

Vamos prestar mais atenção na saúde mental e emocional dos nossos bichinhos?

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