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Ansiedade de Separação nos Pets

Vamos falar de ansiedade de separação? É um problema sério que afeta vários bichinhos e muitos tutores não sabem como tratar ou até mesmo do que se trata.

O que é?

A ansiedade de separação é um distúrbio de vínculo afetivo. Acontece com animais que têm forte apego aos tutores. Ela surge quando o pet cria uma dependência afetiva profunda na rotina por conta do convívio intenso com o tutor.

Essa condição de ansiedade extrema se manifesta quando os pets antecipam o sofrimento de ficar longe do tutor, o que vem acompanhado do medo do que pode acontecer enquanto estão sozinhos.

Ou seja, a ansiedade de separação é uma condição de pânico extremo que se manifesta quando o pet fica separado do seu tutor. Afeta tanto cachorros quanto gatos, em diferentes níveis.

No caso dos cachorros, muitas vezes a ansiedade de separação se manifesta em comportamentos destrutivos como arranhar portas e janelas, latir ou uivar constantemente, urinar e defecar pela casa (mesmo quando ele já está habituado a fazer as necessidades em um lugar correto), comer objetos e móveis, e, em alguns casos, pode resultar no cachorro se machucando sozinho.

Mas não pense que só os cães sofrem com a ansiedade de separação! Os gatos também apresentam problemas de angústia e comportamento quando separados de seu tutor ou de um outro pet com o qual eles estão ligados.

Os gatos que sofrem deste tipo de ansiedade, muitas vezes, seguem seu tutor de ambiente em ambiente e se misturam na mobília, nos lençóis, ou escondem quando o dono se prepara para sair da casa. Enquanto o tutor dele está ausente, o gato pode se recusar a comer, passa a fazer xixi ou cocô fora da caixa de areia ou praticar comportamentos compulsivos ou destrutivos, como se lamber sem parar ou até arrancar os próprios pelos. Após o retorno do humano para casa, o gato pode ficar excessivamente entusiasmado, miar muito e demandar atenção.

Um gato que insiste em estar o dia todo e a todo o momento com o tutor, que o segue para todo o lado, vai dele no banheiro, na cozinha, em todos os lugares, é um animal que pode estar sofrendo desta condição psicológica.

Como identificar a ansiedade de separação?

Ocasionalmente, o estresse é algo natural para um cachorro ou um gato. Se eles vivessem na natureza, certamente passariam por diversos momentos estressantes diariamente, como se proteger de predadores ou conseguir alimentos. Entretanto, o estresse causado pela ansiedade constante se torna um problema grave na vida dos pets, e infelizmente, seus sintomas são muito fáceis de serem ignorados ou confundidos com outros problemas.

Vale ficar de olho em comportamentos viciosos dos bichinhos, que podem demonstrar os sintomas dessa doença. Correr atrás do próprio rabo, se morder ou se arranhar, não ter controle do xixi ou do cocô, se recusar a comer sozinho, destruir objetos, miar ou latir incessantemente… Animais que sofrem de ansiedade de separação direcionam sua energia para esses comportamentos na tentativa de suprir a ausência dos tutores.

Uma sugestão que dou para os meus clientes – e que parece uma pouco absurda, apesar de fazer muito sentido – é instalar uma câmera em casa. Sim, coloque uma câmera para poder monitorar seu animal de estimação na sua ausência. Escolha o local onde seu pet passa a maior parte do tempo, como a sala ou o quarto, por exemplo, e veja como ele se comporta ao longo do dia. Você poderá verificar se ele está demonstrando comportamentos compulsivos, se está miando ou latindo demais, se está comendo e bebendo água e se está usando o banheirinho corretamente.

O que causa?

São vários os motivos, muitos são ambientas e outros são biológicos. No fundo, tudo se relaciona com a maneira com que construímos nossa vida com nosso bichinho. Atualmente, a correria do dia a dia faz com que tenhamos pouco tempo livre e infelizmente nosso pet é um dos primeiros a sentir isso.

Outras questões relativas à própria vida dos pets também podem contribuir para o aparecimento da ansiedade de separação: cães gatos que sofreram violência na infância ou remanejados em lares várias vezes são mais propensos a sofrer de ansiedade. Além disso, animais que não forem bem socializados enquanto filhotinhos também são propensos a ansiedade. É super importante expor o filhotes desde novinhos a diversas interações e ambientes sociais até os três primeiros meses de vida, para que eles possam conhecer o mundo. Cães e gatinhos que são mantidos isolados podem ser menos sociais e mais temerosos quando atingem a idade adulta, justamente por não terem essa experiência social.

Como tratar?

Quero dar algumas dicas rápidos de como cuidar do seu bichinho que sofre com a ansiedade de separação.

Alguns treinos comportamentais podem ajudar muito a reduzir a ansiedade dos pets. Comece acostumando o bichinho a separações menores: por exemplo, acostume-o a dormir na sala enquanto você está no quarto. Outra ideia é sair de casa várias vezes e voltar alguns minutos depois, para que seu pet veja que você vai sempre voltar. Ao sair, dê petiscos e brinquedos para seu bichinho, para que ele comece a ver a hora que você sai como uma coisa boa.

Outra indicação é dissociar algumas ações da sua ausência. Geralmente pequenas ações – pegar as chaves, colocar os sapatos, apagar as luzes – são um sinal de que você vai sair e pode deixar seu pet ansioso. Então a dica é que você pratique se arrumar várias vezes ao dia durante vários dias, e sempre dar recompensas conforme você pega as chaves ou coloca sapatos e não sair de casa apesar de toda preparação.

Com a prática, seu bichinho passa a entender que esses são atos normais e que não significam que você está o deixando para sempre.

Evite grandes despedidas e reencontros muitos eufóricos! O adeus muito afetivo ou um oi entusiasmado pode reforçar a ansiedade no cãozinho ou no gato. Partir ou voltar para casa não pode se transformar em um evento. Quando sair, não se despeça e simplesmente siga sua rotina e quando voltar, diga um ‘oi’ tranquilo e continue com seus afazeres. Isso pode ser difícil para um tutor, mas pense que essas atitudes ajudarão seu pet a ficar mais calmo.

É interessante que o tutor deixe uma peça de roupa num lugar do ambiente que o cão ou o gato possa achar e se sentir acolhido pelo cheiro do tutor.

A dica mais importante que eu quero deixar para meus leitores pet lovers é: acabe com o tédio do seu gato ou cachorro. Disponibilize brinquedos e atividades para ele fazer quando estiver sozinho em casa. Faça sempre um rodízio de brinquedos e coloque sua criatividade para funcionar! Cães adoram brinquedos recheáveis (como o Kong, a Bonequinha ou a Pet Ball) e gatinhos também gostam de brincar de caçar petiscos pela casa. Para os gatos, você também pode pensar em verticalizar o ambiente, colocando prateleiras. As ideias para ocupar a mente dos nossos bichinhos são infinitas, pet lovers!

Vale lembrar que é muito importante consultar um médico veterinário se você acredita que seu bichinho possa estar sofrendo de ansiedade de separação. Se for o caso, o veterinário pode prescrever um ansiolítico ou antidepressivo para seu bichinho se sentir mais seguro na sua ausência. Há também tratamentos com florais e com os feromônios sintéticos que imitam os naturais dos cães e gatos.

Ansiedade de separação é uma questão séria, não uma fase, uma frescura, coisa de bicho mimado ou humanizado, como muita gente pode pensar. A saúde mental dos bichinhos é super importante e frequentemente negligenciada.

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